A Fortaleza e Cel. Elcio Rogerio Secomandi

Sobre o Cel. Secomandi

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                   O Coronel de Artilharia R/1 Elcio Rogério Secomandi, um eterno defensor da Fortaleza, é Professor Emérito da Universidade Católica de Santos/UniSantos, aposentado. Economista, pós-graduado em Administração de Empresas (FGV_ Fundação Getúlio Vargas) e Ciências Militares (ECEME_ Escola de Comando e Estado-Maiordo Exército).

             Membro do ICOMOS//ICOFORT_ Conselho Internacional sobre Museus e Sítios Históricos_ O ICOMOS atua como órgão consultivo do Comitê do Patrimônio Mundial junto à ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura tendo o ICOFORT como Comitê Internacional sobre Fortificações e Herança Militar.

                 Ocupa a Cadeira nr 04 – Visconde de Taunay – no Instituto Histórico e Geográfico de Santos; Eleito membro da Academia Santista de Letras em 2013. Possui o título de Cidadão Honorário de Guarujá, outorgado pela Câmara Municipal, em 01 Set 2000, e de Nioaque, MS, 1987.

” FORTALEZA DA BARRA GRANDE , UM OLHAR DE ESPANHA SOBRE O BRASIL-COLÔNIA”

por Elcio Secomandi                                     

                                                                                                             Uma guarita no estilo colonial espanhol, com um caracol invertido na sua base de sustentação, guarnece o chamado “portão espanhol” da Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande1, Guarujá, SP. Este detalhe arquitetônico é uma justa homenagem ao período da união das coroas ibéricas (1580 – 1640), embora projetado no século XVIII pelo engenheiro português, João Massé.

Este breve ensaio acadêmico aborda a missão da esquadra do almirante espanhol Diogo Flores Valdéz na América do Sul, no início daquele período de união das coroas ibéricas, tendo como referência básica o capítulo VI do livro Arquitetura Militar2, para o qual tive a grata satisfação de contribuir com notas para a orelha e uma apresentação, com o seguinte preâmbulo:

“Victor Hugo Mori – arquiteto do IPHAN e membro do ICOMOS-Brasil3 – com muita imaginação, sabedoria e simplicidade, transfere ao público não especializado e aos estudantes em geral, conhecimentos inestimáveis sobre a complexa evolução da Arquitetura Militar, desde os primórdios da neurobalística até o advento da ‘guerra cibernética’. Toma como linha narrativa as fortificações do Porto de Santos, para nos conduzir à formação histórica da nossa nacionalidade”.

O livro contém dados históricos importantes a respeito dos motivos que deram origem à Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, nos idos de 1583, e também a uma série de conflitos entre as potências colonizadoras daquela época, com reflexos sobre as antigas colônias espanholas e portuguesas, fustigadas por piratas e corsários ingleses, franceses e holandeses, inimigos de Espanha.

Neste contexto insere-se a viagem da esquadra de Valdéz ao Estreito de Magalhães, iniciada em Cádiz, no dia 09 de setembro de 15814, com 16 naus de combate e de apoio logístico, tendo por missão fortificar aquela região estratégica de junção dos dois maiores oceanos do planeta. Valdéz, nomeado por Felipe II “Capitão General das Costas do Brasil”, zarpou do Rio de Janeiro em novembro de 1582 e ancorou suas naus na baía de Santos, para obter provisões e prosseguir viagem rumo ao sul do continente. Ao alcançar a costa catarinense, determinou, em janeiro de 1583, a volta dos navios Almirante, Concepción e Begónia ao Rio de Janeiro, sob comando de Andrés Igino (Eguino ou Higino), por considerá-los “impróprios para prosseguir rumo ao sul”. Valdéz alcançou o Estreito de Magalhães, porém fracassou na construção de uma fortificação no extremo sul do “novo mundo” e no dia 07 de fevereiro de 1583 iniciou viagem de retorno para a Espanha.

Por outro lado, no dia 19 de janeiro de 1583 chegou ao porto de Santos, o inglês Edward Fenton5 com a finalidade de abastecer suas duas naus e prosseguir rumo ao Estreito de Magalhães. Na tarde de 24 de janeiro de 1583 as três naus de Andrés Igino chegaram à Santos e travaram combate com os ingleses, resultando avarias na nau Santa Maria de Begónia. Fenton foi obrigando a retornar para a Inglaterra sem cumprir sua missão.

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